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«O Pe. Formigão viveu a Esperança de forma sublime e intensa.» (D. Nuno Almeida)

Stella | 07-04-2025 «O Pe. Formigão viveu a Esperança de forma sublime e intensa.» (D. Nuno Almeida)

Encontro em Fátima evocou ordenação sacerdotal do Padre Manuel Formigão, em 1908, em Roma.


A 6 de abril, o bispo de Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida, proferiu em Fátima, no Encontro Evocativo da Ordenação Sacerdotal do Venerável Padre Manuel Nunes Formigão (4 de abril de 1908, em Roma), a conferência «A ESPERANÇA QUE ALCANÇA – TESTEMUNHO DO VENERÁVEL PE. MANUEL NUNES FORMIGÃO», na qual procurou olhar para a vida do Padre Manuel Nunes Formigão, constatando "como ele viveu esta virtude [da esperança] de forma tão sublime e intensa".

“A esperança não é simples ilusão, mas uma virtude concreta que nos ajuda a superar os desafios da vida. É preciso que nos interroguemos sempre se somos realmente homens e mulheres de esperança”, começou D. Nuno Almeida por dizer, lembrando as palavras do Papa Francisco ao instituir 2025 como Ano Jubilar precisamente dedicado à Esperança.

O bispo de Bragança-Miranda, procurou na sua reflexão “recordar a vida, o legado e o testemunho heroico de esperança do Pe. Manuel Nunes Formigão”.

O bispo centrou-se de modo especial na vida e missão que o Padre Manuel Nunes Formigão desenvolveu em Bragança, onde serviu a Igreja e a comunidade entre 1934 e 1943.

Centrou-se também no apostolado que o sacerdote realizou junto dos jovens: “É grande a responsabilidade de aprendermos com o Padre Formigão a dar espaço aos jovens, a acompanhá-los sem os substituir, por um caminho libertador, fecundo e vivificante. Como Jesus, o Padre Formigão reanima, reaviva, reabilita a liberdade, porque exercita plenamente a sua autoridade: não quer outra coisa senão o crescimento dos jovens, sem qualquer possessividade, manipulação ou sedução”, disse D. Nuno Almeida.

Entre outros momentos, lembrou que entre as suas primeiras atividades, neste caso em Santarém, o Padre Formigão fundou a associação Nun’Alvares, "precursora da Ação Católica em Portugal, tendo exercido um apostolado fecundo com a juventude”, e que “quando, em 1918, o país foi atingido por uma epidemia, a pneumónica, o Padre Formigão, juntamente com os jovens da Associação, prestou serviço aos doentes e às famílias, distribuindo remédios e alimentos, e a todos assistência espiritual”.

“A esperança foi, de facto, ancora nas provas da vida do Padre Formigão. A esperança foi vela nos sonhos e projetos do seu fecundo ministério sacerdotal”, disse o prelado.

“À sua chegada a Bragança o Padre Formigão passou a residir no Paço Episcopal, e iniciou as suas atividades como secretário particular do Senhor Bispo, oficial da Cúria e professor do Seminário nas disciplinas de Direito Canónico, Filosofia, História Eclesiástica, Ascética e Mística e Liturgia, a diferentes anos. Além destas atividades académicas às quais se devem acrescentar algumas aulas de tempos a tempos no Liceu Emídio Garcia, a força apostólica aqui, como em Santarém, desdobra-se em muitas outras”, referiu D. Nuno Almeida.

“Em Bragança, começa por se dirigir aos mais necessitados e para eles funda e mantém dois patronatos: um para meninos, o qual começa a funcionar no dia 13 de junho de 1935 e que toma o nome de Santo António; o outro para meninas com o nome, para ele tão querido, de Nossa Senhora de Fátima. Estes patronatos eram sumamente benéficos, porque não só alimentavam os mais necessitados, mas também lhes proporcionavam a primeira instrução cívica e religiosa” disse o Bispo, destacando que outro dos apostolados do Padre Formigão, “foi o oculto e eficacíssimo apostolado do confessionário”.

D. Nuno Almeida lembrou ainda o trabalho do Padre Formigão como jornalista/redator, fundador e diretor de várias publicações, como o «Mensageiro de Bragança» e a «Stella», títulos ainda em publicação, escritor e poeta. “Os seus artigos, breves, mas densos de doutrina, sobretudo no aspeto moral e dogmático, eram muito esclarecedores. Naturalmente também não esquece um apostolado que lhe era muito querido: propagar a devoção a Nossa Senhora de Fátima”. 

Além de apresentado como uma figura central na investigação e, depois, divulgação dos acontecimentos de Fátima, a fundação da Congregação das Irmãs Reparadoras foi outro dos marcos referidos por D. Nuno Almeida na missão do Venerável sacerdote: "No ano de 1926, depois de muita oração e discernimento, fundou em Lisboa a Congregação das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima, dedicada à reparação e à contemplação".

D. Nuno Almeida terminou a sua conferência convidando os presentes a rezar uma oração da sua autoria:

Obrigado, Senhor,

pelas pessoas luminosas do nosso caminho:

luzes que apontam sem cegar

e não se deixam apagar pelo desânimo das nossas resistências.

Umas vezes semeiam perguntas que nos desinstalam,

outras ensinam a atenção e sempre – mas sempre – convidam à generosidade:

nunca querem ser ouvidas senão para nos ensinarem a ouvir-Te,

dizendo: «Fala, Senhor, que o Teu servo escuta!».

Ensinando a escutar, ensinam o discernimento.

Porque sem discernimento, cultiva-se a confusão,

a crendice que concede credibilidade a tudo e a todos

e facilmente transforma em quase dogma

a primeira leviandade proclamada de peito cheio.

Ensinando a escutar, ajudaram a compreender

que o discernimento não é mero bom senso,

mas um caminho de decisão em circunstâncias concretas

e na familiaridade com o Evangelho.

Espírito Santo, concede-nos e aprofunda também em nós,

como no P. Formigão, os dons do discernimento e da fortaleza,

para que sejamos sempre e por toda a parte semeadores de esperança!

 

O Encontro Evocativo da Ordenação Sacerdotal do Padre Manuel Nunes Formigão decorreu na Casa de Nossa Senhora das Dores da Congregação das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, com início junto mausuleu com do túmulo do venerável sacerdote, no Espaço Padre Formigão - Casa do Apóstolo de Fátrima, com as palavras de acolhimento e reflexão pela irmã Amália Saraiva, vice-postuladora para a Canonização do Padre Manuel Nunes Formigão, e do investigador e presidente da Obra Reparadora de Fátima, Rafael Marques, que fez o enquadramento histórico do mausoléu .

"Hoje, não faremos uma visita guiada à Casa do Apóstolo de Fátima, mas pretendemos, apenas, apresentar-vos o terceiro núcleo que está sinalizado: “A eternidade como meta”. Este núcleo supera a dimensão museológica do Espaço e é a razão de ser do mesmo. Convido-vos a avançar para entrarmos neste espaço de memória e oração", comoçou por dizer a Irmã Amália Saraiva, na saudação a todos.

Após o percurso biográfico e da missão do Venerável Padre Formigão, Rafael Marques concluiu: "O Santo Padre, o Papa Francisco, promulgou o decreto das virtudes heroicas do nosso Venerável no dia 14 de abril de 2018, o que vem a confirmar a pertinência deste lugar de culto, onde muitos peregrinos vêm orar e pedir a sua intercessão".

Sobre a concepção do mausuléu em si, a Irmã Amália explicou que "O espaço de mausoléu de Formigão, foi concebido tendo em conta o seu perfil de pessoa e sacerdote: equilibrado, simples, despojado e nobre. A sua arquitectura tão harmoniosa nas suas formas remete para esse equilíbrio nunca perturbado nem sequer pelas maiores contrariedades e sofrimentos, que os teve. A alvura e o despojamento do espaço, despido de todo e qualquer adorno, lembra esse despojamento de tudo, dos bens que distribuiu pelos pobres, mas também da vontade que pôs ao serviço da Igreja numa obediência pronta e tantas vezes sofrida. O fulgor dos fios de ouro da casula e dos metais dourados querem salientar a nobreza de humanidade, de cultura, mas sobretudo, de santidade, de Homem virtuoso, de Homem de Deus".

A conferência de D. Nuno Almeida e o momento musical que encerrou a tarde decorreram na Capela da Casa de Nossa Senhora das Dores.

No momento musical foi interpretado pela primeira vez o hino “Fátima - O Dom de Maria”, obra inédita tem como letra um soneto escrito pelo padre Manuel Nunes Formigão datado de 1943 e música oferecida à Congregação das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima pelo compositor padre António Cartageno. O hino foi interpretado pelo Coro de Câmara do Conservatório de Música e Artes do Centro, dirigido pelo maestro Noé Gonçalves e acompanhado ao órgão por Inês Machado.

 

[LRS]